quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Considerações Finais


O meu intercâmbio esta oficialmente terminando. Quem acompanhou o meu blog sabe o que eu fiz ou deixei de fazer, porem, eu ainda tenho algumas considerações a fazer.

Termino essa longa jornada com a consciência de que eu fiz o melhor que eu pude. Me empenhei muito nos estudos, foquei nos conteúdos nos quais eu tinha mais dificuldade e me virei pra tentar entende-los. Fiz novas amizades, compreendi o estilo de vida e cultura de outros pessoas e, mesmo achando certas coisas bem estranhas, eu soube me portar bem, respeitei as diferenças (tanto as que eu considero esquisitas/atrasadas quanto as diferenças que passei a admirar).

Posso dizer que a Bruna vai voltar sendo a mesma Bruna de antes. O que mudou? Agora eu sou uma pessoa menos fresca/chata em relação a comida e também me sinto mais independente. Eu melhorei bastante a minha capacidade de me concentrar e interpretar. Me considero uma pessoa bem mais adaptável e aberta a novas ideias, lugares e pessoas. 

Também volto para o Brasil mais focada ainda em atingir o meu objetivo de ser uma boa jornalista. Afinal, fiz o intercambio justamente pensando nos frutos profissionais que eu vou poder colher no futuro. Alias, o futuro já eh o agora e o amanhã. 

Durante esse viagem tive momentos bons e ruins, mas os ruins foram pouquíssimos  Em quase 5 meses, tive apenas três momentos de tristeza ou fraqueza, que não duraram nem 24 horas. Esse fato, para mim, também eh uma vitoria, pois consegui ficar bem na maior parte do tempo, com a cabeça boa, e sem deixar que nada me atrapalhasse. 

Morar no Canada também me proporcionou viver em um pais de primeiro mundo. Descobri, de verdade, o significado do que eh ser um pais desenvolvido. Aprendi que ser desenvolvido eh muito mais do que ter uma boa economia, transporte publico de qualidade, serviço de saúde igual para todos. Vi que ser desenvolvido eh, também  respeitar filas, oferecer o acento do ônibus aos idosos, eh ser sustentável e atravessar a rua quando o sinal para os carros tiver fechado.

Obviamente, nem tudo é totalmente perfeito, ne?? Abaixo coloco a listinha das coisas que não gostei aqui.

  • Pressa das pessoas: a todo momento me senti como se o fim do mundo estivesse chegando. As pessoas aqui estão sempre correndo, parece ate que estão sempre atrasadas.
  • A falta de capacidade de socialização dos cidadãos de Vancity também assusta.
  • Ônibus pequenos e com poucos assentos. Vancouver, por ser uma cidade plana e ter um transporte publico que facilita e muito a vida de cadeirantes, deficientes  etc, acaba fazendo com que o fácil se complique demais. Ex: Teve um dia que, dentro do meu ônibus  tinham dois cadeirantes, uma mulher com o filho dentro de um carrinho, alem de um deficiente visual com um cachorro. Não preciso nem dizer o caos que virou. 
  • Banalização do "desculpa", "por favor" e "obrigado": Nos primeiros dias, você acha o excesso de educação das pessoas a coisa mais linda e agradável do mundo. Porem, depois de algum tempo, você percebe que as pessoas parecem robôs programados pra dizerem essas três palavrinhas magicas em TODOS os momentos possíveis. Vai ter momento em que alguém vai te dizer "sorry" e você vai ficar com uma cara de "por que diabos você ta falando isso? Você não fez nada" 
  • Comidas adocicadas demais; Aqui, ate o que era pra ser salgado, eh meio doce. 
  • Homeless (sem teto) pedindo dinheiro e comida o tempo inteiro. 
  • Chuva = Raincouver.
  • Pessoas completamente surtadas.
  • "Sounds good". Ao conversar com nativos você percebe que eles falam isso o tempo inteiro e em momentos que não fazem nenhum sentido dizer isso. 
  • Drogas. No centro de Vancouver você sente o cheiro de maconha o tempo inteiro. 
Vivenciar o outro lado da moeda também me ajudou a gostar mais do Brasil. Tudo bem que o nosso pais é um caos e realmente quase nada funciona como supostamente deveria, mas eu tenho certeza de que sou mais feliz la e que não há nada como o nosso povo, a nossa comida e o nosso jeitinho brasileiro de ser... Vai por mim, eh muito mais divertido do que qualquer outro lugar. hahahaha

Bom, quando chegar no Brasil, eu pretendo descansar, esquecer um pouco do inglês e dar um tempo pro meu cérebro processar essa quantidade massiva de conteúdo que recebi nos últimos tempos. Quero aproveitar o tempo pra ler livros em português (to me sentindo meio burra), sair por ai, reaprender a dirigir, voltar a praticar esportes, relaxar e depois voltar pra faculdade e conseguir um bom estagio. 

Eh isso, minha gente! Esse blog vai ficar aposentado e meio sem utilidade, mas espero que ele ajude futuros intercambistas que pretendem morar em Vancouver. 

Beijos e obrigada ;)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Coliseu de Vancouver


Parece um Coliseu, mas nao é. Na verdade, a foto acima trata-se da Biblioteca Publica mais famosa de Vancouver.

O lugar é simplesmente enorme e contem milhares de livros de todos os gêneros possíveis e em todas as línguas imagináveis.


Por também se tratar de um ponto turístico  alem da biblioteca é possível encontrar lojas na parte de dentro e também cafeterias.

Dica útil: Na segunda lojinha você vai encontrar aquelas canetas japonesas que contem uma borracha que apaga tinta.

Sonho em ter essa caneta desde quando conheci um brasileiro que morou na Alemanha e nunca usava lápis pra responder as questões da prova porque tinha a bendita canetinha. ;D


terça-feira, 13 de novembro de 2012

4 meses no Canada


Novembro é o meu quarto e ultimo mês em Vancouver, afinal, volto ao Brasil no dia 2 de dezembro. Nesse post, ao invés de falar especificamente de mim, eu resolvi contar mais ou menos como funciona a trajetória de um intercambista brasileiro no Canada.

O grande barato de viajar e conhecer novos lugares eh, também, observar o comportamentos das pessoas. 
No outro post eu falei um pouco do que aprendi sobre as pessoas e culturas de outros países  Agora a minha intenção eh falar de como os brasileiros intercambistas se inserem e agem em outro pais, alem de dar dicas e opiniões para pessoas que pretendem fazer um intercambio para estudar a língua inglesa. 

Eh bom deixar claro que o que eu vou falar não é certo e nem errado, e sim uma analise feita por uma  pessoa que tem o habito de ficar observando a tudo e a todos, no caso, eu, hihi. 

Como muitos jé sabem, o brasileiro tende a ser mais comunicativo, carinhoso e gostar de "chamar a atenção . Exatamente por causa dessas características  eu reparei que a gente se adapta mais facilmente a um lugar diferente, porem, também se cansa mais rápido do que os outros estrangeiros. 

No inicio, tudo eh motivo de festa. Os brasileiros entrosam entre si, a química é tao grande que ate parece que nos jé conhecemos uns aos outros ha anos. Não importa se tem que acordar as 6h da manha no outro dia, brasileiro vai pra balada do mesmo jeito, bebe, dança e se diverte e vai a aula.  

O primeiro problema aparente eh a comida, problema esse que tende a aumentar com o tempo e acabar causando mal humor nos brazilians. Entretanto, ainda no começo, todo mundo leva esse "pequeno" detalhe numa boa e acha até bom não comer tanto, porque ai vai emagrecer. 

Os primeiros dias vão passando, a alegria continua, os brasucas tiram fotos de todos os detalhes, inclusive os mais inúteis possíveis. Apos tentar um pouco que seja falar em inglês entre brasileiros, rapidamente todo mundo desiste dessa ideia e começa a falar em português mesmo. 

O primeiro mês fora do Brasil passa num piscar de olhos. Enquanto você ainda tem mais 3, 4, 5 ou 6 meses pela frente, muitas pessoas que você conheceu e ficou próximo vão embora, porque vieram apenas pra passar as ferias aqui. 

O tempo continua passando e as coisas já não ficam tao lindas como antes. A cidade já não eh mais novidade, você já conheceu todos os pontos turísticos possíveis e já visitou todos os lugares umas duas ou três vezes. Ou seja, a sua rotina passa a ser exatamente a mesma que no Brasil; acordar, faculdade, trabalho, estudar e dormir. A diferença básica é que no intercambio quase ninguém perde tempo estudando em casa o que aprendeu na escola de inglês  além de não precisar se esforçar para conseguir notas boas, afinal, você não vai passar de ano e nem tomar bomba. 

Até que finalmente você começa a sentir falta dos pais e dos amigos. Devo dizer que quando esse momento chega, ele tende a derrubar os brasileiros. Você finalmente repara que as amizades criadas no intercambio não são a mesma coisa! E nem tem como mesmo ser igual, ne? Obviamente, você vai se identificar MUITO com algumas pessoas, mas elas não serão suficientes pra suprir a falta de quem te conhece há anos. 

Ao mesmo tempo que os brasileiros começam a desanimar, os asiáticos e europeus tendem a continuar com a mesma cara de antes e demonstram, de fato, conviverem bem com a distancia. 

Afeto eh uma palavra que praticamente não existe no vocabulário deles. Desde pequenos, muitas das pessoas que nasceram no outro lado do planeta foram criados para serem mais independentes, além de não necessitarem de um abraço, um beijo no rosto, como um brasileiro. Na verdade, a palavra "necessitar" não eh a ideal, porque essa característica é totalmente cultural. 

Nesse meio tempo, muitos dos brasileiros que pagaram pra ficar 6 meses fora ou já voltaram pro Brasil porque não aguentaram ou vão cancelar e diminuir a quantidade de meses fora. 

A alimentação passa a ser um pesadelo e os brasileiros começam a sonhar acordado com um arroz, feijão e bife. Alias, falar sobre comida vira assunto corriqueiro nos intervalos da escola.

É obvio que, por mais que as coisas estejam meio chatas, você vai ter momentos divertidos, vai continuar rindo mil vezes mais do que as pessoas dos outros países, mas de alguma forma isso tudo não vai ser suficiente. 

A impaciência toma conta, a saudade já te consome e a maioria já inicia a contagem regressiva para voltar.

Da mesma forma que eu to falando essas coisas, também é possível achar um brasileiro dizendo totalmente o oposto.

Então agora vem as dicas para quem pretender estudar fora conseguir passar por todas essas situações numa boa, sem sofrer demais igual acontece com alguns, alem de fazer vale a pena o dinheiro que os seus pais vão investir nessa 'brincadeira', que não é nada barata. 

  • Prepare-se psicologicamente antes de viajar. Seja com psicologo ou quem for, eh importante conversar sobre o assunto, pensar nas diferentes situações que você vai enfrentar. 
  • Ir disposto a comer coisas diferentes, tentar pratos de outros países antes de ja recorrer ao fast food. 
  • Praticar a arte da paciência  porque as diferenças entre brasileiros e pessoas de outras países eh, muitas vezes, gritante e irritantemente grande. 
  • Como eu falei antes, você não corre risco de repetir de ano aqui. O ideal eh você se cobrar a todo momento e estipular uma meta com relação ao aprendizados do inglês  Pense o quão frustrante vai ser se você voltar pro Brasil e perceber que não sabe porcaria nenhuma de inglês  porque ficou acomodado demais e achou que ia aprender a língua por osmose ou só pelo simples fato de estar vivendo em outro lugar. 

  • Em relação ao inglês: eu indico que as pessoas ja cheguem, pelo menos, ja sabendo como diferenciar passado, presente, futuro e, de preferencia, da existência do Present Perfect e de como mais ou menos utiliza-lo. Essa eh uma parte da língua inglesa que todo brasileiro empaca e MUITO pra absorver e usar de maneira correta. Se você chegar no intercambio já sabendo pelo menos um pouco, ja vai adiantar muito a sua vida e o seu aprendizado vai ser mais rápido. 
  • Preposições é difícil MESMO e ate nativos cometem vários erros. Estudando inglês fora você vai aprender a usa-las de uma maneira que nenhum cursinho de inglês teve a capacidade de te explicar antes. Então, sem neuras! 
  • Aproveite o fato de ser super barato comprar livros aqui. Leia, leia muito, crie metas, leia todos os dias pelo menos um capitulo. Você vai absorver e compreender a língua inglesa mais rapidamente. 

E para aqueles que não falam quase nada e querem viajar de qualquer jeito: eu particularmente acho dinheiro jogado no lixo. Você vai aprender alguma coisa, vai ter noção de muita coisa, mas vai falar muito errado, alem de não ter condições de participar de uma conversa mais aprofundada. Eu acharia isso a coisa mais frustrante do mundo, mas se você acha que aguenta, boa sorte. ;)